Imagens & Memórias Compartilhadas. Edna Domenica Merola.



Compacto do acervo de Edna. John Lennon

Florianópolis, 22/06/2017. Agradecimentos de Marlene Xavier Nobre. 

No ano de dois mil e dezesseis, no mês de agosto, depois de tantos convites feito pela minha filha Sabrina (quem me cuida bastante!), resolvi me inscrever na oficina de criação literária.  E me identifiquei muito, pois o que mais gosto de fazer é escrever: meu maior vício.
Lembro-me tão bem do meu primeiro dia naquela sala de aula.
Sentia-me plena de alegria, parecia uma criança como nos meus sonhos me via.
Ah! Me realizei, cantei, dancei, escrevi lindos textos e poemas.
Fiz novas amizades, encontrei bons e grandes amigos que vou levar para a vida inteira. Jamais posso me esquecer do carinho e da atenção recebidos da nossa professora Edna Merola.
Naquele dia me recebeu na porta; me lembro tão bem como se fosse hoje das suas perguntas que pra mim foram muito importantes naquele nosso contato.
Participar das oficinas pra mim é um sonho realizado, pois junto com os meus amigos lançamos um livro de memórias compartilhadas. Ah, que maravilha!
A esta altura da minha vida, era só o que me preencheria. Plantei flores, colhi amores, pari, tive netos.
Enquanto na vida estiver, vou enfeitar todas as minhas manhãs de quintas-feiras. É lá que me entrego,viajo e voo, vejo pássaros, borboletas, muitas flores: rosas, margaridas e jasmins.
Quem sabe um dia me tornarei uma poetisa ou quem sabe uma grande escritora. O meu profundo agradecimento aos amigos, aos funcionários (em especial aquele jovem da recepção que nos acolhe tão bem).
A minha gratidão à nossa amável e amada professora Edna Merola.
Muito obrigada meu Deus
Pela minha saúde, minha ida às oficinas
Pela minha família, filhos, esposo e netos
É pra lá que sigo com passos firmes
Fortes, certos e certeiros
A Oficina da Edna mudou a minha vida. Sinto paz, prazer e alegrias. O saber adquirimos com os dias e a nossa vida, mas o aprendizado nunca é demais.
Marlene (noiva).
Pois morremos e não sabemos tudo. 
Marlene (à direita).

Marlene (à esquerda).
























Além do livro
                Valda Valdemar de Andrade

O livro tem tantos desafios que escolhi contar uma história.
Os livros que eu admiro são aqueles com surpresas escondidas...
Detalhes que eu vou encontrar com o olhar mais atento, às vezes, depois de eu ter lido o mesmo livro várias vezes, e quando a narrativa já está na minha cabeça, e as palavras se juntam na minha imaginação.
A escrita de um livro é quando se desenha algo totalmente fantasioso, pode-se deixar a imaginação solta, quando existe algo inesperado que tira um sorriso ou faz sorrir com o coração.
Valda.
Ao escrever minha história, a minha cabeça viaja em um turbilhão de referências, entro num mundo novo e longo. A ansiedade por decidir qual será o caminho a seguir.
Depois volto a perder o sono se não consigo chegar perto, quando decido continuar escrevendo minha história. Entre o real e o imaginário, entre o natural e o maravilhoso, entre o consciente e o inconsciente.
Quero deixar escrita a realidade guardada na minha memória: de que estou velha e quero transmitir aos meus filhos e aos meus netos as lembranças ‒ pequenos fatos que teceram a minha vida. Esse folclore que vou vivendo da moça com a velha. Que tem um coração que bate como a batida de um relógio, marcando as horas. E uma lembrança trabalhada pela memória olhando para a paisagem do tempo de vida.

Relógio de Memória
Que estranha potência, nossa!
Ai palavras, ai palavras...
Giram que nem o vento...
Marcam o tempo,
Marcam hora.
É tão rápida a existência!
Tudo se forma e transforma,
No relógio de memória.









Edna e família, 1955.



Um plano pedagógico é algo como crianças no colo dos pais: quase imóvel, seguro, de certa forma invulnerável, receptor de uma carga emotiva que ainda desconhece.
O plano de Memórias Compartilhadas teve esses braços amorosos que o sustentaram  ainda criança   à altura da pessoa madura. 
Edna. Florianópolis, 1961.

                                     

Os anos passam e os laços que se fortalecem, igualmente, nos fortalecem...

Aquele plano pedagógico do verão de 2017 também cresceu e amadureceu e construiu sua história... Resultou num livro que reúne professora e alunos das Oficinas de Criação Literária. Dedicado a centenária todos os predispostos ao encontro com diferentes percepções de vida. Aos leitores da palavra representativa dos idosos como projeto de toda sociedade que se declare justa. Ao idoso ‒ de hoje e de amanhã ‒ que tece, incansavelmente, o dia com o fio da luta pela dignidade, pela compaixão e pela prosperidade. Que sonha com a volta dum país governado pela ética, pelos princípios da igualdade social, pela noção de Estado democrático, pela preservação dos direitos dos trabalhadores. 




Relato de experiência. Fátima Mota Zampieri

As oficinas que geraram a produção de “memórias compartilhadas” foram muito bem conduzidas pela Psicóloga Edna. Foram fundamentais para trabalhar a questão cognitiva, para problematizar e resgatar momentos importantes de nossas vidas que estavam dentro de baús em nossas memórias.  Propiciaram revisitar tais momentos e re significá-los, refletir sobre eles e fazer planos para o futuro. Elas oportunizaram, principalmente, conhecer diferentes pessoas e suas realidades, cada uma delas com suas peculiaridades e com seu jeito de ser. As narrativas dos participantes contribuíram para que todos se fortalecessem como pessoas e se realizassem. As dinâmicas corporais e do espelho favoreceram que cada um se olhasse por meio do outro.  As oficinas apontaram também a importância de desenvolver atividades grupais, de se atualizar, de rever as diferentes trajetórias, contextualizando-as e conectando-as aos fatos sociais, culturais, econômicos e políticos que representam as diferentes épocas. Ajudaram a compreender como viver a terceira idade e a importância de aproveitar cada dia com saúde mental e física. Permitiram desvelar ansiedades, sentimentos, limitações e superações.
Os encontros realizados mostraram que cada um tem a sua singularidade, tem potenciais que precisam ser reconhecidos e valorizados e que suas produções e vivências, quando compartilhadas, contribuem para o crescimento pessoal e, sobretudo, para o crescimento do outro.
O estímulo ao uso da tecnologia propiciou a inserção dos participantes em redes de comunicação e no meio social.
A produção de textos em um curto espaço de tempo aponta que as dinâmicas utilizadas estimularam a criatividade e o protagonismo dos participantes; denota organização por parte da professora, que merece os parabéns, e um grande empenho de todos os envolvidos.
Gostei muito de participar de todo este processo. Aprendi e cresci com cada relato e narrativa. Aprendi a respeitar ainda mais as pessoas e seus sentimentos.

Acredito que devemos aproveitar todos os momentos para ajudarem a refletir sobre nossas ações e decisões; rever condutas e, se necessário, transformá-las com vistas ao desenvolvimento pessoal e grupal.
Fátima.

Maria de Fátima.

No primeiro semestre letivo de 2017, nas Oficinas de Criação Literária do NETI , o foco foi o processo de criação de personagens. E, por haver maioria feminina, a caracterização da turma de participantes redundou na concepção dos protótipos Lucíola, Simone e Evelyn.
Por ser uma turma de alunos relativamente grande, as vozes masculinas podiam também ser ouvidas. Dessa maneira, pôde-se ressuscitar a questão do convívio intergêneros. Sob a releitura do Conto de Escola de Machado de Assis, a figura do “menino mau” comparece em criações que envolvem Curvelo que resvala na máxima: “ser corrupto já vem de berço”.

Texto de André Wendhausen Pereira Filho. (Memórias Compartilhadas, p  39)
Colônia de SC, 27 de Abril de 1950.
Prezada Lucíola,

Você deve estar sentida porque ultimamente tenho implicado com você, pois não quer fazer dupla comigo na tarefa indicada pela professora.
Nós dois devíamos dançar juntos a quadrilha e você se negou a fazer par comigo.
Pode me achar feio ou sem jeito para tratar as meninas, mas podia ser mais solidária e aceitar o diferente.
Respeito a sua maneira de agir e peço desculpas se fui insistente em querer que fosse meu par.
A festa junina no Colégio seria bem mais alegre se nós estivéssemos juntos na quadrilha.
Pode rever sua posição? Ficaria contente se isso acontecesse.
Um abraço, Curvelo.



Edna. Rio de Janeiro. 1983.

Edna. São Paulo. 1978.













Edna. São Paulo. 1978.








Edna. 1984.










Edna. 2000.


Lucila. Florianópolis, 2017.
Lucila
Lucila. Gramado.
Pois é! O que dizer quando nasce um filho? É só emoção, alegria vitória. É assim que estou me sentindo: emocionada com a publicação de Memórias Compartilhadas com colegas e a professora Edna. Esse livro traz histórias emocionantes e eu estou participando com a minha. Estou feliz e realizada com a primeira participação em um livro. Agradeço a Deus por mais essa conquista. (Lucila).
Lucila.

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